quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Be Alright (16) - Sessão nostalgia


Do mesmo jeito que eu sempre contei as coisas pra minha mãe, ela também sempre contou tudo pra mim. Mas parece que dessa vez é diferente né. Fiquei na internet e vendo um pouco de TV até os dois chegarem. Ouvi um barulho na porta e desci. Só tava a minha mãe.
– Ué, ele tem casa então?
– Mel!
– Só falei o que penso. E o que vocês tem? Tão só saindo ou é namoro?
– Você com ciúmes é horrível, credo. Não estamos nem saindo. Ele é só um amigo.
– Sei... e não to com ciumes. O que você tinha pra falar comigo? É sobre ele aparecer do nada?
– Vem cá. – Minha mãe tava séria demais. Me sentei do lado dela.
– Filha, lembra uma vez que você perguntou do seu pai?
– Mãe, eu devia ter uns 7 anos.
– É, mas mesmo assim, não vai querer saber quem é?
– E porque eu iria querer saber agora? Depois de anos. Ele sabe que eu existo por acaso? E se souber, pior ainda. Ele não veio atrás de mim.
– Esse é o problema. Ele veio.
– Depois de eu tá quase terminando o colegial?
– Ele não sabia que eu tava grávida, filha. Ele soube a pouco tempo. Na verdade, nos encontramos por acaso e eu decidi contar que tinha uma filha.
– E ele quer me conhecer, ou nem quer saber de mim?
– Ér... bem... ele quer te conhecer melhor.
– Mãe, você tá me deixando confusa. – Tava mais pra desesperada. Já imaginava quem podia ser. E não vou com a cara dele.
– Sabe o Jason né? Então, é ele. – Daora a vida. Já imaginava rs. Essa semana tá com muita informação pra uma pessoa só. Tipo, da noite pro dia eu tenho um pai. – Mel?
– Mãe, não fica chateada, mas vou passar a noite no Justin.
– Mel!
– Vamos combinar, não é normal ele aparecer assim, do nada. Depois conversamos melhor. – Sai do quarto da minha mãe e estava me sentindo estranha. Entrei no meu quarto e peguei meu celular, discando o numero do Justin.
*Ligação On*
– Oi amor.
– Oi Justin. Vem me buscar?
– Claro, mas o que aconteceu?
– Depois eu te explico.
– Tá bom, to saindo já. Até daqui a pouco.
*Ligação Off*
Arrumei uma mochila com as minhas roupas e peguei a minha bolsa que eu levava pra escola. Fiquei no meu quarto esperando o Justin e pensando sobre a conversa com a minha mãe. Eu sei que ele queria falar comigo mais cedo sobre isso. Era óbvio, mas mesmo assim, era estranho. E mesmo assim, não vou com a cara dele. Ouvi uma buzina e olhei pela janela. Era o Justin. Falei um “tchau” breve pra minha mãe e sai.
– Oi. – Ele disse e demos um selinho.
– Oi.
– Então, o que aconteceu? Brigou com a sua mãe? – Justin disse já dirigindo.
– Pior. Meu pai aparece do nada lá em casa. – Justin olhou assustado pra mim. Ele sabia que eu nunca soube nem o nome do meu pai.
– Como assim, Mel? Uma pessoa não aparece do nada.
– Sabe aquele homem que brotou lá em casa no dia que minha mãe fez um bolo pra você?
– É ele? – Acenti. Ficamos em silencio o resto do caminho.
– Mel, o que sua mãe falou? Tipo, ele sabia que ela tava grávida de você?
– Não. Ela disse que ele não sabia e que eles se reencontraram só agora e ela decidiu contar pra ele.
– Perguntou pra ela o porque dele não saber?
– Não, mas imagino o motivo. Minha mãe me teve nova. Deve ter sido por isso. Não quero falar disso, Justin. Não agora.
– Tudo bem. - Fomos em silêncio o resto do caminho. Chegamos na casa dele e ficamos deitados no sofá assistindo tv.
– Tá com sono já? - Justin perguntou depois de um tempo.
– Aham.
– Deita aqui. – Deitei no peito do Justin ainda no sofá da sala e ele ficou vendo TV enquanto eu adormeci.
Acordei na cama do Justin e escutei o barulho do chuveiro. Fiquei “rolando” na cama com preguiça até ele sair e me dar um selinho de bom dia.
– Como você tá?
– Bem, eu acho. Melhor que ontem, digamos. – Justin suspirou e eu levantei indo pro banheiro. Terminei de me arrumar e fomos pra escola. Íamos tomar café da manhã na lanchonete da lá. Fomos o caminho todo em silencio e já tava me irritando. Percebi que o Justin não sabia o que falar pra mim. Esse silêncio tava horrível. Chegamos na lanchonete e nos sentamos numa mesa depois de comprar o que íamos comer. Justin ficava me olhando pensativo.
– Dá pra parar com isso?
– Com isso o que? – Ele se fez de sínico.
– O que você acha? Desde ontem você tá me olhando como se eu fosse aquelas menininhas frágeis que choram por tudo. – Disse fazendo careta e pude ver ele segurando o riso ¬¬. – E para de rir que eu to falando sério.
– Tá bom parei. Mas eu não sei o que falar. Tipo, você nunca nem soube o nome dele, e ele aparece do nada na sua vida. É estranho.
– Eu sei que é estranho, mas pode falar normal comigo. A gente não precisa só falar disso. – Silencio de novo. Ótimo (:

~Justin on~
Juro que não sabia o que falar pra Mel. E acho que ela também não iria saber se fosse eu no lugar dela. O resto do dia tentava parecer que tudo tava normal. Mas tanto eu, como ela, sabíamos que era estranho demais, e que não dava.
– E se fosse você no meu lugar? O que você faria? – Ela perguntou antes de eu ligar o carro.
– Olha Mel, a sua situação é diferente da minha. Ao contrario do seu pai, os meus sabem da minha existência e me abandonaram. Mas tenta conversar com ele. E conversa mais uma vez com a sua mãe também.
– É, vou tentar. – Ficamos conversando que nem de manhã, tentando parecer normal, como se nada tivesse acontecido. Parei em frente a casa dela e nos beijamos. Mel entrou e depois ela ia me ligar pra falar sobre o assunto.

~Mel on~
Cheguei em casa e ele já tava lá. Toda vez vai ser isso agora?
– Oi mãe. E ér... oi.
– Oi Melissa. – Ele disse e minha mãe só sorriu pra mim.
– Vai comer agora filha? Já to colocando a mesa.
– Vou mãe. Só vou colocar minhas coisas lá em cima. – Voltei e eles tavam rindo. Só isso que eles sabem fazer juntos?
– Posso te chamar de Mel? – Jason perguntou sorrindo.
– Pode. – Ele e minha mãe ficaram conversando e eu fiquei na minha. Exatamente como no dia anterior. Jason fez umas perguntas pra mim, tipo do que eu gosto e tals.
– Mãe? – Ela olhou pra mim. – Posso falar com você?- Ela acentiu e fomos pro meu quarto.
– Pode falar.
– Olha mãe, me desculpe, mas tentar fingir que somos uma família normal e que eu sempre convivi com ele não tá ajudando.
– Mel, não to te entendendo. Não sei o que você quer que eu faça. Eu sei que eu errei quando não falei pra ele de você, mas tenta entender meu lado. Eu tive você com 17 anos. Eu não sabia o que fazer. E não contar pra ele não foi uma ideia minha, foi da sua vó.
– Mas isso não impedia você de me contar.
– Mas você mesma falava que não queria saber quem ele era.
– Isso antes de ter certeza que ele não sabia de mim. E eu não imaginava que algum dia ele ia bater aqui na porta de casa do nada.
– Nem eu sabia. Ou você acha que eu tenho alguma bola de cristal? E para de fazer tanto drama. Você querendo ou não ele é seu pai. E se comporte com ele do mesmo jeito que se comporta comigo. Não vai querer dar uma de adolescente rebelde agora. – Ela disse e me deixou lá com cara de tacho de novo. Desci e os dois tavam na sala já. Terminei meu almoço e fui pra lá também. Minha mãe falou que Jason queria falar comigo e eu disse tudo bem, tentando bancar a filha boazinha que minha mãe praticamente me obrigou.
– Pode falar.
– Ér... Bom, eu sei que a sua mãe já contou que eu sou seu pai, e não quero que você fique chateada ou brava comigo pensando que eu te abandonei, porque não foi isso que aconteceu.
– Eu já sei o que aconteceu. Eu só to tentando entender isso um pouco. Poxa, eu ganhei um pai, digamos, do nada. Acho que mereço um tempo só pra mim.
– Te entendo. Mas poderíamos recompensar o tempo perdido qualquer dia desses. Não sou tão chato se é isso que você pensa de mim. E também não vou pegar no seu pé ou no do seu namorado. – Ok né. Talvez ele não fosse tão chato assim. Eu disse um talvez. Minha mãe chegou na sala e ficamos conversando. Aproveitei o momento nostalgia deles e fui ligar pro Justin
*Ligação On*
– Oi mo.
– Oi princesa. Eae como foi?
– Eu diria que no começo foi estranho. Minha mãe teve um ataque quando eu fui conversar com ela, porque ela disse que eu tava querendo dar uma de rebelde. Mas passou.
– E ele?
– Até que ele é legal. Ele disse que não me queria brava ou chateada com ele e me respeitou quando eu pedi um espaço pra mim. Agora tão os dois lá embaixo conversando e rindo. Eles só fazem isso.
– Vai ver eles se gostem ainda. E se eles voltarem?
– Ficou louco? Ia ser estranho demais. Não me imagino morando com um homem que namore minha mãe.
– Mel, para de drama. Ele é seu pai. Qual o problema de ver os dois juntos?
– Tenho receio de como isso vai ser. E não sei se vou aceitar uma ordem ou uma bronca dele logo de primeira. Não sei nem se vou conseguir chamar ele de pai. Vai ser um pouco estranho.
– Você se acostuma logo. E sabe meu tutor?
– O que tem ele?
– Ainda sou menor de idade e uma pessoa do conselho tutelar, sei lá, quer ver como eu e ele vivemos, uma coisa assim. Então, não vou pra aula amanhã.
– Ah, tudo bem. Mas isso vai durar o dia todo?
– Acho que não. Mas eu te ligo quando acabar.
– Ta bom. E quer vir pra cá? Se eu ficar aqui em cima, minha mãe vai perguntar onde tá a educação que ela me deu. E se eu descer, vou me sentir uma tocha olímpica. – Ele riu.
– Tudo bem. To indo praí.
*Ligação off*
Fiquei esperando o Justin chegar na sala com minha mãe e meu, agora, pai conversando sobre “lembra daquela vez...”. E na primeira vez em toda a convivência com a minha mãe, eu tava sobrando. Daora a vida. Justin chegou e fui abrir a porta.
– Jus, esse é Jason, meu... pai. – Falei estranha. Alias, chamar ele de pai era estranho. Vocês me entendem né? Conheci o homem ontem e descubro isso. Enfim, voltando.
– Oi. – Percebi que o Justin pela primeira vez na vida tava nervoso. Vei, ok, ele é meu pai, mas nem se ele quisesse ia me obrigar alguma coisa. Mas vamos rir do Justin.
– Oi Justin.
– Justin, querido, como vai?
– Eu to bem, dona Claudia. – Minha mãe ia ficar muito puta com esse “dona”.
– Mel, se ele me chamar de “dona” de novo, eu proíbo esse menino de vir aqui. – Eu tava segurando o riso, mas não deu. Ainda mais com a cara de desespero dele pra mim.
– Relaxa, ela só tá brincando contigo. – Ficamos conversando até a hora do jantar. Minha mãe decidiu que iríamos jantar fora e de lá Jason foi pra casa dele. Justin deixou eu e minha mãe em casa. Entreguei o dinheiro que ele ia entregar pro carinha lá, me certificando que minha mãe tava no quarto dela já, tomei um banho e fui dormir.

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Vcs nao comentando me deixa em depressão... .-.

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