Guardei meus livros e ele não falava
nada, só ficava me olhando. Suspirei.
– Que foi, Matt?
– Não quero ficar mal com você.
– Então não me beijasse, né!
– Eu não consegui me segurar, e já pedi
desculpas.
– Só deixa eu fazer uma pergunta. A
gente começou a conversar, ou discutir, sei lá, aqui. Por que me beijou lá no
refeitório onde toda a escola podia ver, inclusive o Justin? - Ele olhou
assustado pra mim.
– Por… n-na-a-da ué. E-u tentei me
s-segurar, mas não consegui. Já-á te falei.- Ele falou impaciente e, claro,
gaguejando. Tá escrito “trouxa” na minha cara? Resolvi não responder e deixar
ele falando sozinho. Tava indo pro refeitório quando a vadia loira de ontem,
acho que é Rebecca o nome dela, veio falar comigo.
– Quem diria. A boazinha, quietinha e
santinha traiu o Bieber.
– Ficou louca, garota? Quem te disse
uma asneira dessa?
– Eu e o colégio vimos ontem.
– Para de adubar o mundo com a boca.
Qualquer pessoa viu que ele me beijou a força.
– Não é o que eu diria, eu vi o que
aconteceu.
– Então você é cega. E isso não tem
nada a ver com você. Para de encher o saco.
– Imagino quando seu namorado ficar
sabendo das suas conversas com o Matt.
– Que conversas? - Falei rindo.
– Na frente do seu armário. – Ela falou
de braços cruzados e eu ri mais ainda.
– Garota, a gente tava discutindo. E
não precisa fazer fofoca. Eu mesmo conto as coisas pro Justin.
– Sai de lá deixando ela falando
sozinha também. Cheguei no pátio, sentei junto com a Mari, que tava junto com
mais umas pessoas que eu não conhecia. Como ela tava conversando com eles,
liguei pro Justin.
*Ligação on*
– Oi amor.
– Oi Mel. - Ele disse com voz rouca de
sono.
– Desculpa por te acordar.
– Tudo bem. Como foi hoje?
– Chato. - Eu sabia que ele tava
perguntando também sobre o Matt. Fiquei um tempo, não muito, em silencio e
falei. - O Matt veio falar comigo hoje.
– O que ele queria? Não te beijou de
novo não, né? - Ele falou já com voz de irritado.
– Não, amor. Ele veio pedir desculpas,
mas não aceitei. E tua amiguinha também veio encher o saco.
– Rebecca?
– Essa vadia mesmo. - Justin riu fraco.
– O que ela queria?
– Falar que eu trai você ontem no
pátio. E disse que ia fazer fofoca pra você que o Matt tava falando comigo
hoje. Falando o cassete né. A gente tava discutindo. Foi o que eu te contei.
– Relaxa. Ela não sabe onde eu moro,
não tem o meu telefone. Só me ve na escola e olhe lá, porque sempre ando com
você. Ela não ia falar nada. E mesmo se falasse, eu vi o que aconteceu. Não sou
cego. - Sorri. - Amor, vou voltar a dormir, se não se importa.
– Tudo bem. - Falei ainda sorrindo. -
Mas sonha comigo. - Ele riu.
– Sempre. Beijo.
– Beijo.
*Ligação off*
Enquanto a Mari conversava com o povo
que tavam sentados com a gente, eu só observava o “movimento”. Tocou o sinal e
fomos pra sala. Tédio total. A ultima aula era com o James e com o Matt. Eu
realmente espero que nenhum dos dois venha falar comigo. Mas como sou uma
pessoa de muita sorte, quando tocou o sinal e eu tava arrumando minha bolsa
ainda na sala...
– Oi Melzinha.
– Mas que intimidade é essa, James?
– Somos amigos.
– Desde quando?
– Desde que eu te ofereço carona.
– Oferecia. E eu não pedi nenhum dos
dias. – Matt tava do lado dele e ficava olhando pra mim.
– Você tem que ser mais educada, Mel.
Nem aceitou as desculpas do meu amigo. E olha que ele te pediu várias vezes. -
Essas "várias" foram 2... '-'
– Você tem merda na cabeça, né James?
Você e a escola inteira sabem o que ele fez. E ficou muito claro que foi pra
incomodar o Justin. Não gosto desse tipo de coisa. E se toda vez que ele fizer
algo, for pedir desculpas, fica ruim, não acha? E eu canso de ser sempre
boazinha. – Falei a ultima frase com um sorriso irônico.
– Achei que você fosse diferente, Mel.
– Matt, por favor. De novo não. Mas só
por curiosidade, diferente em que? Eu só mudei com você pelas merdas que você
tava fazendo.
– Você descobriu as merdas do Bieber e
continua com ele.
– O caso dele é bem diferente. Ele
nunca fez nada contra mim. E nem contra as pessoas que eu gosto.
– Mas como sempre, pra você eu to
errado.
– Ok, já que quer jogar na minha cara
que eu não quero te desculpar e se passar por bonzinho. Vou te dizer uma coisa,
colega. Desde o dia que cheguei aqui não me falaram bem de você. E não pense
que foi o Justin, porque ele não me fala de você. Alias, ele tá pouco se
fudendo pra você. E mesmo assim eu parei de falar contigo? Eu ignorei tudo o
que falaram de você pra mim, Matt. Ai o que você faz? Por causa de uma
briguinha sua com o Justin, fica me evitando e depois me beija a força. E ainda
quer que eu te perdoe? Desculpe se não tenho paciência pra merda que eu nem
tenho a ver. – Ele ficou parado me vendo sair da sala e o James foi atrás de
mim.
– Na primeira vez que te vi, pensei que
tu era mais calminha. – Eu não falei nada e abri meu armário, guardando os
livros. – Tua briga é com o Matt, não comigo.
– To cansada e ele me irritou, James.
Só quero ir pra casa. Tchau.
– Se quiser, eu te levo.
– O Justin já deve tá ai fora me
esperando.
– Mas ele não te deixa um segundo. –
Ele falou rindo e de um jeito amigável. Ao contrário de mim, que tava com cara
de poucos amigos.
– Ele só cuida e se preocupa comigo.
– E o que iria acontecer até a sua
casa?
– Você ir atrás de mim. – Ele ficou me
olhando um pouco assustado.
– Como? – Ai eu percebi o que falei.
PUTA MERDA! Eu e minha impulsividade.
– Nada, James.
– Não, agora eu quero saber o que ele
te falou.
– Nada, já falei.
– Melissa, sério, o que ele te falou? –
Eu não respondi e ele foi me seguindo até a porta do colégio. Vendo que eu não
ia falar nada, ele segurou meu braço. – To falando sério, me conta.
– Mas que caralho, James. Deixa a
menina em paz. – Ouvi o Justin berrar já saindo do carro. James me soltou e eu
entrei.
– O que ele tava querendo contigo? –
Justin perguntou já dirigindo.
– Ele queria que eu contasse uma coisa
pra ele.
– Que seria...
– Ele perguntou porque você sempre “tá
atrás de mim”. E eu acabei falando demais.
– Falou o que?
– Falei que você só se preocupa comigo
e que você tinha medo dele fazer algo comigo.
– Me desculpa, Mel, mas você é lenta,
hein.
– Hey! – Ele riu. E eu dei um tapa no
seu ombro. – Não tem graça. – Falei fazendo bico.
– Só falei a verdade, amor.
– Vai almoçar em casa?
– Não, vou pra minha. Tenho que arrumar
umas coisas lá.
– “Dono” de casa?
– Moro sozinho, né, amor. – Ele falou
sorrindo. Justin me deixou em casa e seguiu pra casa dele. Hoje minha mãe iria
almoçar em casa. Quando eu entrei, ouvi risos da cozinha e vi que minha mãe
tava falando no telefone. Achei que era meu pai, mas ela falou o nome de um
homem que eu não conhecia. Ela desligou.
– Oi mãe. Achei que você tava falando
com o meu pai.
– Por que?
– Por causa dos risinhos. – Falei rindo
e minha mãe sorriu sem graça.
– Não, filha, seu pai é só meu amigo. E
vamos almoçar fora. Se troca lá pra gente ir.
– Tá bom. – Tomei um banho mega rápido,
me arrumei e desci.
– To pronta.
– Então, vamos. – Fomos até um
restaurante que ficava um pouco longe da minha casa, na verdade, eu nem sabia
da existência desse restaurante. Chegando lá, a tiazinha da recepção perguntou
se tinha reserva e minha mãe disse que já tinha alguém nos esperando. Ela falou
que o nome da pessoa era John. Mas quem é John? Chegamos em uma mesa que tinha
um homem, mais ou menos da idade da minha mãe, e bonito até.
– Mel, esse é o John, meu namorado.
John, minha filha, Mel.
– Oi. – Ele falou e eu dei um sorriso.
Tipo, namorado ‘-‘. Minha mãe tem que voltar a me contar as coisas. Fizemos o
pedido e eles ficaram conversando. Eu sobrei de novo. Falei que ia até o
toalete e eles assentiram. Escutei minha mãe falar algo como “ela se acostuma” e
eu tava um pouco pensativa. Ok, muito pensativa. Tudo bem, minha mãe era livre,
nova e linda. Ela tem todo o direito de namorar e ser feliz, mas eu preferia
que ela tivesse me contado antes, pelo menos no caminho até aqui, e não me
pegar de surpresa. Mas tudo bem, ia engolir isso pela felicidade da minha mãe.
E não vou ficar com ciuminho que nem fiquei com o meu pai. Não gostei dele de
primeira e agora acho que podemos, com calma, nos dar bem. Mas se ela fosse
namorar alguém, eu jurava que seria ele. Voltei pra mesa e os pedidos tinham
chego. Comemos e conheci mais o meu padrasto. Ele trabalha com a minha mãe e é
2 anos mais velho que ela. Acho que ele é rico, mas não ia perguntar né rs. Ele
pagou a conta e estávamos indo embora. O carro dele chegou primeiro e era uma
BMW. Nossa, que “simples” ‘-‘. O manobrista trouxe o carro da minha mãe e fomos
embora.
– Por que não me contou antes?
– Do jeito que foi com teu pai, achei
que ia voar no pescoço dele.
– Nossa, que horror! – Falei rindo. –
Sua exagerada. Não ia fazer isso. Mas fala ai, mãe. Se deu bem. O cara tem um
carrão e é bonito.
– Mel! – Eu ri.
– Ele faz o que lá na empresa?
– Ele é meu chefe.
– Wow. – Ficamos o caminho todo
conversando. Minha mãe me deixou em casa e depois foi trabalhar.
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